04 agosto 2014

Não Tenho Tempo! - 2/2

A Vida É Como As Estações do Ano - 
Há Tempo Para Cada Tipo de Estação
Eclesiastes 3.3-8

  Os próximos dois conjuntos apresentam atividades destrutivas e construtivas: matar e curar, derribar e edificar. No versículo 3 diz assim: “tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar” “Matar” aqui não é cometer assassinato. O hebraico tem uma palavra específica para o assassinato que é claramente vista nos Dez Mandamentos: “Não matarás”. Aqui, “matar” envolve a pena de morte ou a destruição de inimigos em uma guerra. Felizmente, também há um tempo “para curar”, ou, literalmente, para “costurar”, ou seja, “costurar as feridas”. Existe também um tempo “para derribar” paredes velhas, barreiras nos relacionamentos, ou até mesmo, metaforicamente, nações (Jr 18.7, 9), assim como também há um tempo para “edificar”. No Antigo Testamento, as palavras para derrubar e construir também são muitas vezes utilizadas com referência à destruição e edificação de uma vida humana.

   Os próximos dois pares do versículo 4 expressam as emoções humanas: chorar e rir, prantear e saltar de alegria - "tempo para chorar e tempo para rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria”. Tanto a tristeza como a alegria fazem parte da vida, pois uma sem a outra fica irreconhecível. Vamos passar por emoções negativas e positivas durante toda a vida. As mudanças ocorrem constantemente. Num momento estamos no pico de uma montanha, no outro estamos no fundo de um poço. É importante saber sofrer nos momentos de turbulências, assim como é importante saber celebrar nos momentos de alegria. Alguém disse: “Se você não aprender a rir dos problemas, não terá nada para rir na velhice”.
 
   Em Eclesiastes 3.5 encontramos um par de contrastes um tanto estranho: “tempo para espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar”. A frase “espalhar pedras” é uma referência à relação sexual, enquanto a frase “ajuntar pedras” significa abster-se de sexo. No Antigo Testamento, a abstinência de relações sexuais ocorria em tempos de luto. Correspondente a este significado é a menção do abraço, que é usado como uma expressão atenuada para a mesma coisa. Esta interpretação é por causa do paralelismo entre todas as linhas do poema. E pode ser dito que, com relação a esta área, o tempo também é tudo.

   Os próximos dois pares, no verso 6), lidam com a natureza dos bens. “tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora”. Esta é uma verdade que todos nós temos que colocar em prática. Há um tempo para guardar, "acumular", e há tempo para "fazer um limpa" na casa! Temos a tendência de juntar “tranqueiras” num quarto de despejo, e não passamos para outros aquilo que não utilizamos mais. Somos muito apegados às coisas deste mundo. O pensamento aqui lida com a natureza fugaz e passageira dos nossos bens.


O próximo par (v. 7) parece sugerir um momento de luto e um tempo para deixar o luto: “tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar”. No Antigo Testamento, quando as pessoas lamentavam a morte de um ente querido elas rasgavam suas roupas e se mantinham em silêncio. Foi o que Jacó fez quando lhe deram a notícia de que José havia morrido (Gn 37.34). Quando o período de luto terminava, as conversas comuns do dia-a-dia poderiam continuar. Isso nos lembra de que há momentos adequados e inadequados para falar. Alguém disse muito bem: "Em silêncio, o homem pode mais facilmente preservar sua integridade". Como crentes, precisamos ser sábios no uso de nossa língua. É muito fácil falar coisas sem utilidade, mas, devemos nos lembrar do fato de que um dia prestaremos contas ao Senhor até por nossas palavras frívolas.

   As linhas finais deste poema sobre o tempo ocorrem no verso 8. Os pares mencionados têm a ver com os afetos e as suas consequências: “tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerrear e tempo de paz”. À primeira vista, este versículo é difícil de se entender. Todos nós sabemos que há um tempo para amar. Todos nós devemos desenvolver o amor. Jesus disse: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vós ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (João 13.34-35). Mas lemos que também "há tempo de aborrecer", em que está implícito que também há um tempo para odiar. O próprio Jesus odiava. Ele odiava o pecado. Ele odiava a hipocrisia dos fariseus. Nós precisamos aprender a odiar o que é mau sem odiar as pessoas que estão no mal. Podemos odiar o ato do aborto, mas ter compaixão de quem praticou aborto. Podemos odiar os estragos do álcool, mas amar aqueles que lutam contra o alcoolismo, e fazer o que pudermos para ajudá-los.
O poema é, então, concluído de forma positiva, e o interessante é que  somente no final o autor inverte a ordem dos pares - parece que ele quis começar bem e terminar bem. Assim, ele conclui falando do tempo de paz. Não importa o quanto almejemos a paz, pois não haverá paz até que o Príncipe da Paz traga a paz a este mundo. E, ironicamente, quando Jesus trouxer a paz será após um banho de sangue que é descrito em Apocalipse 19.11-21. Somente naquele tempo é que haverá a paz verdadeira que o mundo tanto busca.

   Temos que refletir quanto ao uso do nosso tempo. Quanto tempo você gasta em oração e na leitura, memorização e meditação da Palavra? Quanto tempo você gasta para falar bem dos outros? Quanto tempo você gasta falando de Jesus aos perdidos? O tempo que temos neste mundo é muito curto, COMO vamos gastá-lo daqui para frente?

   “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus” (Ef 5.15-16).

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