24 agosto 2012

Eclesiastes 7.1-4 - Aprendizado Profundo


    Costumamos dizer que alguns dos medicamentos de gosto ruim são os mais eficientes; e na vida isso não é diferente. Aqui temos a resposta à pergunta feita no final do capítulo 6: “Pois quem sabe o que é bom para o homem durante os poucos dias da sua vida?” Para responder esta pergunta temos sete provérbios do tipo “melhor do que” que chamados de provérbios de valor comparativo. Esse tipo de provérbio mostra que as durezas da vida trazem aprendizados profundos. Daí, a razão para o título dessa publicação: “Aprendizado Profundo”. 
   Qual é melhor maneira para que um médico aprenda de maneira profunda e definitiva? Na faculdade com livros de teorias ou num hospital superlotado? Situações difíceis e constrangedoras nos ajudam aprender bem. Quando estamos aprendendo um idioma e falamos algo errado e todos dão risadas, naquele momento aprendemos profunda e definitivamente.
   
    Os primeiros quatro versículos desse, nos informam que há muito a ser ganho com uma reflexão sóbria sobre a tristeza e a morte. No versículo 1 lemos: “Melhor é a boa fama do que o unguento precioso”, este versículo deve ser entendido da seguinte forma: “O nome limpo vale mais do que o perfume mais caro” (NTHL). Aprendemos com isso que o bom nome ou uma boa reputação cheira muito melhor do que um perfume caríssimo. A razão para isso é que o caráter da reputação de alguém é mais valioso e duradouro do que o cheiro de um perfume. Um bom nome sobrevive após morte da pessoa, mas o cheiro do perfume acaba logo. Podemos concluir que, quem nós somos é mais importante do que aquilo que nós temos ou não temos!

    E você? Como marido e pai, como é sua reputação no trabalho, na vizinhança e na sua igreja? Você é um homem integro? Você procura ser exemplar em todas as áreas de sua vida? Você é um exemplo e fonte de motivação para os jovens e outros casais? O seu nome significa alguma coisa para as pessoas?
   
    A conclusão no versículo 7 é que: “o dia da morte, melhor do que o dia do nascimento”. Há dois dias em nossas vidas quando o nosso nome é importante: o dia em que nascemos e recebemos um nome e dia do óbito onde muitas vezes somos notícias. O que acontece entre esses dias é o que determinará se nosso nome é um suave perfume ou um belo fedor. Isso não quer dizer que não devemos aproveitar a vida, pelo contrário, este livro nos diz oito vezes que devemos aproveitá-la. Também não temos que hesitar em falar sobre a morte. De fato, devemos falar sobre isso abertamente, pois é uma realidade inevitável a todos nós, e seus efeitos serão devastadores se não estivermos preparado para a vida após a morte.

    Você já percebeu como é a nossa forma de marcar tempo de vida de uma pessoa? Escrevemos o nome da pessoa, e em baixo dele colocarmos algo assim: 1934-2008. Colocamos o ano do nascimento e o ano da morte. Entre os dois anos coloca-se o quê? Um hífen, que simplesmente é um risco bem curto. De acordo com Eclesiastes poderíamos dizer que vida é apenas um pequeno traço entre o nascimento e a morte, ou seja, a vida é como um vapor. Tudo o que você fez na Terra, toda a sua influência, e toda a sua reputação se resume em apenas um traço entre um ano e outro. Não há muito tempo para servirmos a Deus, mas há muito tempo para se fazer besteiras nesse mundo. Temos que refletir a vida que levamos.

    No versículo 2 encontramos mais palavras de sabedoria: “
Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, pois naquela se vê o fim de todos os homens; e os vivos que o tomem em consideração. Melhor é a mágoa do que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração”. Aqui está sugerindo que seria melhor ir a um funeral do que a uma festa. A razão que ele dá é que a morte é “o fim de todos os homens”. A triste realidade é que por causa do pecado um dia teremos que morrer. Não adianta fazer exercícios, nem lipoaspiração e nem ter uma dieta balanceada, pois nada pode mantê-lo jovem e vivo para sempre. A morte é o destino de cada ser humano. O sábio compreende essa brevidade da vida. Ele não vive como se a vida na terra fosse durar para sempre. As pessoas sábias veem as catástrofes e acidentes e começam a refletir. As pessoas sábias tiram o máximo de proveito do tempo que têm.

    Se pudéssemos visitar as igrejas antigas ainda existentes, notaríamos que muitas delas têm um cemitério no adro da igreja. O adro é um local cercado localizado à frente da igreja. As janelas têm vidros claros ao invés de vitrais para que o pastor possa ver o cemitério enquanto prega. Enquanto ele comunicava sua mensagem à congregação, uma mensagem muito séria está sendo comunicada a ele. Há duzentos e cinquenta anos atrás, os crentes criam que a missão central da Igreja era a de levar homens e mulheres a um relacionamento correto com Deus. É por isso que eles construíram suas igrejas com visão para o adro. Eles queriam que seus pastores continuamente lembrassem da gravidade de seu chamado. Todos que estavam sentados nos bancos da igreja sabiam que um dia acabariam preenchendo uma vaga naquele cemitério que viram antes de entrar e sabiam que finalmente um dia estariam diante de Deus.

    Nos versículos 3 e 4 lemos:
“Melhor é a mágoa do que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração. O coração dos sábios está na casa do luto, mas o dos insensatos, na casa da alegria”. Embora a maioria de nós prefira o riso e o prazer, estes versículos nos informam que há benefícios na tristeza e no luto. Essa vida é cheia de tristeza e sofrimento, mas as dificuldades da vida têm o potencial de despertar um interesse espiritual em nós. Tristeza nos faz pensar na vida, pensar sobre seu significado, e a respeito das nossas prioridades. Tem um ditado que diz: “Se não vem por amor vem pela dor”. A tristeza e o sofrimento, muitas vezes levam as pessoas para Deus, enquanto que que a alegria raramente faz isso. Os tempos de tristezas nos trazem esperança, paz e força. Dessa forma vem o amadurecimento que muitas pessoas não teriam de outro jeito. Veja bem, esta passagem não está condenando a felicidade, é exatamente o oposto, ela está defendendo uma paz apropriada e um contentamento que não se baseia em circunstâncias temporais apenas.

    Imagine se um dia você tivesse a oportunidade de ler o seu próprio obituário. Obituário é aquela nota que os jornais têm para comunicar falecimentos. O que será que iriam escrever a seu respeito? Alfred Nobel teve a oportunidade de ler seu próprio obituário. Por volta da virada do século 20, o irmão de Alfred Nobel faleceu. Pela manhã Alfred pegou o jornal do dia para ver o que haviam escrito sobre seu irmão e ficou surpreso ao descobrir que era o seu próprio obituário! O jornal erroneamente achou que era Alfred tinha morrido e o descrevia como o inventor da dinamite. Alfred Nobel percebeu que o legado que estava deixando estava associado com a morte e destruição. Alfred teve uma segunda chance para reescrever seu legado. Com a ajuda de seus amigos, ele decidiu investir parte de sua riqueza para honrar aqueles que promoviam a paz no mundo. Hoje, muitos sabem que Nobel inventou a dinamite, mas ele é mais conhecido por outra de suas criações, o Prêmio Nobel da Paz. Você vai deixar um legado? Sua vida vai ter um impacto duradouro?

    Durante a Segunda Guerra Mundial, os japoneses atacaram os inimigos com pilotos camicazes. Os camicazes que significa “vento divino” em japonês, eram esquadrões suicidas formados pelas forças aéreas japonesas nos últimos meses da II Guerra Mundial. Estes pilotos voavam em aviões carregados de explosivos e se lançavam contra os navios dos Estados Unidos com a finalidade de deter o seu avanço. Chegaram a afundar 40 navios dessa forma. Estes pilotos, acreditavam na filosofia xintoísta de morte honrosa em batalha, por isso cometeram suicídios batendo seus aviões diretamente nos alvos. Os aviões deles tinham combustível somente para a viagem de ida. O destino dos pilotos camicazes tinha sido determinado antes mesmo de saírem do chão. É difícil não se perguntar o que deve ter passado na mente daqueles jovens soldados. Certamente eles pensavam no que ia acontecer com eles, mas provavelmente eles excluíam de suas mentes qualquer pensamento sobre a morte, preferiam focar suas mentes na missão em que tinha que realizar.

    Esta história é bem parecida com as nossas vidas. Somos, em certo sentido, camicazes também. Nosso ser foi permanentemente selado dentro de nossos corpos, e só nos foi dado combustível suficiente para uma centena de anos, se formos abençoados com a longevidade. A morte é esperada por todos nós, mas talvez como camicazes preferimos não pensar nisso. Preferimos focar nas coisas deste mundo. Em nossos projetos, trabalhos, férias e planos que temos. Com tantas coisas em nossas mentes, não temos tempo para pensar sobre a morte e além do mais, quem quer pensar sobre ela, afinal? Mas não pensar na morte geralmente significa deixar de pensar na vida. E não há como pensar na vida sem pensar em como Deus quer que a vivamos. “Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fl 1.21).

Um comentário:

  1. Precioso é para o Senhor a morte dos seus santos. Glória Deus e louvado seja o nome do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

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