30 março 2011

Efésios 1:4-6 - Bênçãos da Parte de Deus o Pai


         Predestinação é uma das doutrinas da Palavra de Deus que provoca muita discussão. Esta doutrina não existe para haver desentendimento entre os filhos de Deus. Na verdade é uma doutrina confortadora e encorajadora. Por não entenderem a atuação de Deus, alguns procuram racionalizar as Escrituras e tentando assim determinar como Deus deve agir, em lugar de examinarem as Escrituras para ver o que elas dizem a respeito do modo de agir de Deus.
            Para se entender melhor a doutrina da predestinação se faz necessário estudar outras doutrinas e palavras relacionadas a ela. Muitas vezes palavras como preordenação, predeterminação, premonição, eleição, predestinação e chamado, são vistas por nós como permutáveis ou sinônimas. Porém, cada uma destas palavras tem um significado específico, cada uma contribui para uma melhor compreensão da obra de Deus ao glorificar-se a Si mesmo.
Preordenação
            Um propósito determinado, Efésios 1:4. A idéia é de que algo foi antecipadamente ordenado, ou “estabelecido anteriormente”. Deus planejou todos os detalhes antes da criação. Ele não criou e depois sentou-se para decidir o que faria com aquilo que havia criado. O propósito de Deus foi determinado antes do Ato da criação. Isto é o que chamamos de “preordenação”. O universo não foi um acidente. Deus tinha um propósito e um plano determinado, e a seguir escolheu os elementos exatos que seriam usados na execução desse plano.
            Um propósito soberano, 1:5. Reconhecemos que Deus, onisciente que é, sabia da possibilidade do mal mesmo antes da criação. Ele sabia que o mal se oporia à Sua santidade, mas não foi o responsável por ele ter penetrado em Sua criação, entretanto foi o Arquiteto do plano que incluía o mal em si. Deus não foi tomado de surpresa quando Lúcifer se rebelou contra Ele, nem quando Adão se rebelou. Aqui vemos que Deus faz todas as coisas “segundo o beneplácito de sua vontade”; e no verso 11, Ele faz tudo “segundo o propósito daquele que faz todas as cousas, conforme o conselho da sua vontade”.

Decreto

            A. O princípio de um decreto, Jó 22:28a. Esta palavra ajuda compreender melhor a obra de Deus. Ela não aparece nas Escrituras com referência a Deus, mas é importante teologicamente porque ela explica bem o ato pelo qual Deus estabeleceu a certeza daquilo que planejou, ou, predeterminou. Pela preordenação Deus determinou qual seria o programa. Pelo Seu decreto estabeleceu a certeza daquilo que preordenou.
            Deus tinha provavelmente uma série de opções a respeito de como executar seu propósito e processo, mas resolveu-se por um determinado plano e um propósito: e, através de um decreto irreversível adotou-o como Seu plano, Seu objetivo e Seu programa.  O princípio de um decreto é: “Se projetas alguma cousa, ela te sairá bem...” (Jó 22:28). O decreto de um rei finaliza um curso de ação. Quando Deus decretou um curso de ação, isto finalizou, solidificou o Seu plano e limitou-o a seguir esse curso específico na execução de Seu objetivo de glorificar a Si mesmo.
            O registro de um decreto, Daniel 11:36. Daniel registrou o fato de que Deus emitiu um decreto relativo ao Seu plano; e o decreto de Deus certamente seria cumprido, pois o profeta afirma: “...porque aquilo que está determinado será feito”.
            O cumprimento de um decreto, Lucas 22:22. A palavra “determinado” nesta passagem se refere ao decreto de Deus pelo qual Ele estabeleceu o que Jesus Cristo faria durante Seu ministério terreno, em Sua vida e em Sua morte. É a este fato que Pedro se refere em Atos quando, pregava ao povo de Israel (Atos 2:23).
Presciência
            O que não é presciência? Temos de fazer uma distinção nas Escrituras entre a onisciência de Deus e o que Ele prevê. Deus é um Deus de sabedoria, que conhece perfeitamente o curso dos acontecimentos passados, presentes e futuros. Deus é um Deus onisciente, mas a presciência não é sinônimo da onisciência. A presciência, se refere àquilo que Deus sabe com certeza que vai acontecer porque Ele mesmo ordenou esse evento. Deus sabe todas as coisas, não só por ser um Deus onisciente, mas porque por Seu decreto decidiu e estabeleceu o que virá a suceder em cumprimento ao Seu programa preordenado.
            O que é presciência?, Rm 8:29. Talvez seja em relação a este verso e à palavra “presciência” que nos defrontamos com a maior dificuldade de interpretação. Uma interpretação largamente aceita é que Deus elegeu aqueles que Ele sabia que iriam aceitá-lO como Salvador, aqueles que depositariam sua fé em Seu Filho. Deus estaria de forma sujeito aos caprichos da vontade humana, e não pode agir sobre ela, nem ultrapassar os limites dessa vontade.Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Romanos 8:29). Deus sabe com toda certeza quem será incluído em Seu plano, porque Ele preordenou e decretou que essas pessoas fossem incluídas.
            Encontramos a mesma verdade apresentada em (1 Pedro 1:2), onde diz que fomos eleitos de acordo com a presciência de Deus, não diz que somos eleitos por causa da presciência de Deus; ou seja, não está dizendo que: “Deus olhou para a raça humana e exclamou: ‘Vejo fé e escolherei aqueles em quem vejo fé’” Pelo contrário, a Palavra diz que fomos “eleitos segundo a presciência de Deus...” A eleição está de acordo com a presciência, não é feita por causa dela, e nem é baseada nela. A presciência não diz nada quanto ao que Deus sabe que o indivíduo fará, mas se refere àquilo que Deus sabia que iria fazer com os homens. Deus preordenou, isto é, Ele fez o plano. Através do Seu decreto, ou de Sua determinação, Ele estabeleceu, solidificou e finalizou o plano. Conseqüentemente, Deus, na Sua presciência, sabe o que fará, por causa de Sua preordenação e Seu decreto.
Eleição
            Refere-se à seleção e à separação para Si mesmo. A eleição se refere à escolha de pessoas através das quais será cumprido o propósito divino estabelecido pela preordenação. Deus vai agir para a Sua própria glória, mas o fará através de pessoas que separou para Si mesmo.
            Esta palavra deu lugar a muitas interpretações erradas, pois a idéia que geralmente se faz é a de um Deus caprichoso, que chama todos os homens (que estão em estado neutro) diante de Si, e arbitrariamente, diz a alguns deles: “Eu o aceito”, e aos restantes diz: “Eu os condeno ao inferno eterno”. Observe que quando Deus elege, Ele o faz dentre os que estavam perdidos. A escolha não separa alguns para o céu e outros para o inferno. Achando-se todos sob condenação, ela separa alguns homens, para cumprirem Seu propósito. A eleição é, pois, uma obra da graça divina, porque todos os homens estavam debaixo da maldição e da ira de Deus.
Predestinação
            A palavra que se segue à eleição é predestinação cujo significado é “determinar antecipadamente”. Isto se refere à finalidade pela qual os que foram eleitos são separados. Esta palavra, quando usada nas Escrituras, sempre se define por uma declaração do propósito ou o alvo que se tem em vista. Em Efésios 1:4-5 diz que Ele nos predestinou — e com que fim ou objetivo? Para adoção de filhos. E no verso 11 predestinou—com que fim? Para a obtenção de uma herança. “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou (e com que fim?) para serem conformes à imagem de seu Filho...” (Romanos 8:29). Não se encontra nas Escrituras onde seja dito que fomos predestinados para a fé, predestinados para crer, ou que tenhamos sido predestinados para aceitar a Cristo. Não — nós fomos predestinados para a glória. Fomos predestinados para a filiação ou herança.
Chamado
            A palavra “predestinar” é logicamente seguida pela palavra “chamado”, que deve ser entendida em sua designação normal, no sentido de que Deus chama para Si aqueles que previu, os que elegeu, os que predestinou. O chamado de Deus aos seus eleitos — que foram predestinados para a glória — é o resultado da preordenação de Deus. Ele cuida para que seu propósito seja cumprido. Aqueles que escolheu para Si serão conduzidos até Ele, para que seu programa já traçado e predestinado possa ser levado à consumação. O apóstolo, em (Romanos 8:30) diz: “E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou”. O chamado então é uma convocação para Ele mesmo, porque foram predestinados para a glória por Seu propósito e programa preordenados.
            O chamado de Deus não se subordina à vontade humana, pedindo ao homem que atenda de acordo com sua vontade, sem o auxílio da graça divina, O chamado de Deus inclui também a capacitação divina. O Senhor que faz o chamado, concede o poder, através do ministério do Espírito Santo, para que esse chamado seja atendido, de modo que o pecador que está morto, sem vida, sob condenação e julgamento, possa ouvir a voz de Deus; e embora não tenha poder em si mesmo, porque está morto, e não queira responder, porque Deus foi afastado de Sua vida, ele é capacitado pelo Espírito Santo para atender a esse convite da graça: “Quem quiser pode vir”. Cristo tornou bem claro que o chamado era parte do programa e intenção de Deus, pois, em (João 6:44) Ele explica: “Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o trouxer...”
            E este trazer do Pai é o chamado que Ele faz aos que foram eleitos pela graça de Deus, àqueles que foram predestinados ou separados para a glória, os que Deus previu que seriam instrumentos no cumpri mento de Seu desígnio preordenado, estabelecido e assegurado pelo decreto eterno e imutável de Deus.
            Isto significa que o pecador não tem responsabilidade? Muito longe disto, pois Cristo morreu pelos pecados do mundo. Cristo fez uma propiciação, ou cobriu os pecados do mundo. Nosso Senhor disse: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). O “todo aquele” é ilimitado. Enquanto só aqueles que Deus chamou responderão a esse chamado, o convite é extensivo a todos os homens. Todos são passíveis de salvação pela morte de Cristo, mas apenas atenderão aqueles que Deus chamou pela Sua graça eficaz.
            Se você está sem Jesus Cristo, uma única coisa o separa dele, é a sua resposta espontânea ao convite que Deus faz quando diz: “...para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Se você conhece Jesus Cristo como seu Salvador, o desejo de seu coração deve ser aquele citado em (2 Pedro 1:10): “...procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição...” O Filho de Deus que cresce na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, e que se submete ao Deus e Pai através de Cristo, evidencia em si mesmo que é verdadeiramente um filho de Deus.

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