“Há um mal que vi debaixo do sol e que pesa sobre os homens: o
homem a quem Deus conferiu riquezas, bens e honra, e nada lhe falta
de tudo quanto a sua alma deseja, mas Deus não lhe concede que disso
coma; antes, o estranho o come; também isto é vaidade e grave
aflição. Se alguém gerar cem filhos e viver muitos anos, até
avançada idade, e se a sua alma não se fartar do bem, e além disso
não tiver sepultura, digo que um aborto é mais feliz do que ele;
pois debalde vem o aborto e em trevas se vai, e de trevas se cobre o
seu nome; não viu o sol, nada conhece. Todavia, tem mais descanso do
que o outro, ainda que aquele vivesse duas vezes mil anos, mas não
gozasse o bem. Porventura, não vão todos para o mesmo lugar?”.
Certo
homem entrou numa sapataria e pediu um par de sapatos de número 38,
mas vendedor que era bem experiente disse: “Mas provavelmente o senhor
calça 41 ou 42”. O homem porém lhe disse: “mas eu quero o 38”.
Então, vendedor trouxe-lhe o número pedido e o homem forçou bastante para conseguir calçá-los e pela expressão de seu rosto a dor
era óbvia, o vendedor percebendo o que estava acontecendo perguntou:
“mas o senhor vai levá-lo assim mesmo?”. Então olhando para o vendedor disse: “Eu perdi minha casa por causa de
dívidas, moro com minha sogra, minha filha fugiu com um viciado em
craque, e minha empresa está falindo, portanto, o único prazer que
me resta nessa vida é voltar para casa à noite e tirar sapatos apertados”.
As vezes você e identifica com este homem? Está usando o limite de tudo que pode, até do cheque especial e cartões de créditos. É uma luta constante para manter as contas em dia? O carro quebra, os eletrodomésticos começam dar problemas, parece que todas as coisas estão fazendo complô. O serviço está desgastante, o casamento está na berlinda e os filhos, que são hedonistas sugadores, estão dificultando ainda mais a situação. Parece que você está sozinho, com depressão e com uma sensação que não vai encontrar o que está procurando. Se algumas dessas coisas já aconteceram ou estão acontecendo, então essa passagem é sob medida para você. Eclesiastes 6 nos diz que a satisfação na vida somente é encontrada quanto aprendemos desfrutar das bênçãos de Deus. Nesse capítulo encontramos duas maneiras que você e eu podemos experimentar a verdadeira satisfação.
Nesta primeira parte do capítulo, trata dos três tipos de medição que sociedade hebraica usava para medir o sucesso: riqueza, vida longa, e muitos filhos. Em Eclesiastes 6.1-2 temos uma premissa básica: “Há um mal que vi debaixo do sol e que pesa sobre os homens: o homem a quem Deus conferiu riquezas, bens e honra, e nada lhe falta de tudo quanto a sua alma deseja, mas Deus não lhe concede que disso coma; antes, o estranho o come; também isto é vaidade e grave aflição”. O “mal” do versículo 1 refere-se ao doloroso infortúnio de não ser capaz de desfrutar das boas dádivas de Deus. Este é um mal “que pesa sobre os homens”. Isso significa que muitos lutam a vida inteira com a questão do contentamento e o prazer na vida.
Temos aqui
um princípio muito importante: Toda boa dádiva que Deus dá só
pode ser verdadeiramente apreciada se Deus nos capacitar. Riquezas,
bens e honra não trazem automaticamente contentamento, felicidade,
satisfação, ou um benefício duradouro! Em vez disso, riquezas
podem trazer infelicidade ingratidão, inquietude e tristeza. Um
exemplo perfeito disso é do Howard Hughes. Este homem aos 45 anos,
era um homem com uma vida das mais fascinantes dos EUA. Ele era
piloto de avião e fazia trabalhos ultra-secretos para a CIA. Ele era
dono de uma cadeia de hotéis ao redor do mundo, tinha uma empresa de
equipamentos médicos e até uma companhia aérea, a TWA que se
tornou a primeira companhia aérea dos EUA e 20 anos depois, aos 65
anos, ele tinha uma fortuna avaliada em mais de 2 bilhões de
dólares. Mas, vivia em pequenas salas escuras em cima de seus hotéis,
sem sol e sem alegria. Vivia despenteado com uma barba toda
desgrenhada que chegava até a cintura, com cabelo comprido e unhas
enormes. Este homem famoso passava a maior parte de seu tempo
assistindo o mesmo filme umas 150 vezes. Ele ficava nu na cama,
morrendo de medo de germes. A vida não tinha mais nenhum significado
para ele. Finalmente, viciado em drogas, morreu aos 67 anos por falta
de um dispositivo médico que a sua própria empresa ajudou desenvolver.
A lição que aprendemos dessa história é que nunca podemos
julgar um livro pela capa. Aquele homem tinha tudo, mas não tinha a
habilidade sobrenatural dada por Deus para desfrutar a vida. Essa
habilidade sobrenatural dada por Deus é a mesma que Paulo fala em
Filipenses 4.11-13: “... aprendi a viver contente em toda e
qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser
honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho
experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância
como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece”.
Tal habilidade sobrenatural nos é dada quando nos
convertemos e ela tem que ser desenvolvida durante o processo de
maturação que o crente passa.
Algumas das pessoas mais
ricas do mundo são também as mais miseráveis em relação a felicidade. Isto é o que
acontece quando Deus não está incluído na equação. Tudo o que
esse mundo tem a oferecer pode ser incrivelmente vazio e
insatisfatório. Bernard Shaw disse muito bem: “Há duas
tragédias na vida: uma é não fazer o que coração deseja. A outra
é fazer”. De fato, a prosperidade testa o caráter de uma
pessoa muito melhor que a pobreza. Um romeno líder de um igreja que
passou um tempo no ocidente disse que 95% dos crentes que enfrentam o
teste de perseguição conseguem passar no teste, mas que 95% dos que
enfrentam o teste da prosperidade não conseguem passar. O
que você está fazendo com tudo que Deus lhe deu? Você está
passando no teste? Se não, ore para que Deus lhe conceda a graça de
encontrar satisfação nas boas dádivas que Deus tem lhe dado.
Vamos colocar isso de forma prática. Imagine por um momento que você adore comer pêssegos. Você tem um apetite insaciável por eles. Agora imagine que Deus lhe deu incontáveis latas de pêssegos e você não vê a hora de começar a comê-los, mas de repente você se lembra que não tem um abridor de latas. A menos que seja muito criativo, você estará em apuros. Você não poderá desfrutar de todos aqueles pêssegos sem um abridor. Então, se for esperto, pedirá a Deus que lhe dê também um abridor de latas. E, então será capaz de desfrutar de seus pêssegos. Na verdade não importa quantas latas você tem se o Senhor não lhe der um abridor de latas para que possa desfrutar do conteúdo delas. Precisamos saber aproveitar a vida como ela é, confiar na providência de Deus e honrá-lo com tudo que temos. A verdadeira satisfação só vem quando descobrimos como desfrutar das bênçãos de Deus. Qual é o abridor de latas que precisamos para desfrutar a vida que Deus nos oferece? Este abridor chama-se contentamento. O contentamento só vem com a maturidade. Você reconhecerá sua maturidade quando conseguir declarar do fundo do coração: “Tudo posso naquele que me fortalece”.
Em Eclesiastes 6.3-6, temos duas ilustrações que nos ajudam a
refletir sobre os bens materiais, dinheiro e o prazer de viver
levando em conta a participação de Deus em tudo. “Se
alguém gerar cem filhos e viver muitos anos, até avançada idade, e
se a sua alma não se fartar do bem, e além disso não tiver
sepultura, digo que um aborto é mais feliz do que ele; pois debalde
vem o aborto e em trevas se vai, e de trevas se cobre o seu nome; não
viu o sol, nada conhece. Todavia, tem mais descanso do que o outro,
ainda que aquele vivesse duas vezes mil anos, mas não gozasse o bem.
Porventura, não vão todos para o mesmo lugar?” Temos
aqui uma comparação entre uma criança natimorta e um homem de
2.000 anos de idade que teve 100 filhos. Uma pessoa usufruiu o máximo
da vida nesse mundo, e a outra não chegou abrir os olhos nesse
mundo. Mais uma vez, temos uma hipérbole, o exagero é para ilustrar
ponto. Sabemos que o maior tempo de vida registrado nas Escrituras é
o de Matusalém, que viveu “apenas” 969 anos (Gn 5.27). Imagine
um homem que vivesse mais que o dobro disto, 2.000 anos, e que
tivesse uma centena de filhos durante esse tempo. O ponto do escritor
aqui é óbvio: Você poderia viver o dobro do tempo de qualquer
outra pessoa e ter mais filhos do que ninguém, mas se Deus não
estiver envolvido, e não conceder-lhe Sua divina satisfação, será
tudo inútil.
De fato, ser um natimorto é melhor do que ser uma pessoa que vive alheia a Deus! Agora, precisamos ter cuidado para não interpretarmos mal o texto. De forma alguma temos aqui um argumento pró-aborto. Ele está apenas dizendo que é mais trágico alguém não apreciar as coisas boas da vida do que um aborto. Em outras palavras, se estamos vivos e temos a oportunidade de apreciar a vida, portanto, temos que apreciá-la. Se sua vida não é marcada com a alegria com as coisas boas da vida, então seria melhor nem ter nascido. Esse pensamento é muito forte e pode ser resumido da seguinte forma: melhor é o aborto no nascimento do que sofrer o aborto da alegria a vida inteira. A vida nos foi dada para desfrutarmos das bênçãos de Deus.
O que você vai fazer?
Viver infeliz, ou você vai orar e suplicar ao Senhor para que
aumente o seu nível de satisfação por tudo que Ele tem dado? Se
assim fizer, posso lhe garantir que Deus vai conceder-lhe um espírito
de maior contentamento. O Senhor deseja nossa felicidade, Jesus
Cristo é a maior prova disso, Ele veio a este mundo para que
tenhamos vida, e vida em abundância.
Agora, se quisermos compreender corretamente Eclesiastes 6.3-6,
temos que deixar nossa mentalidade ocidental de lado. Primeiro, no
antigo Israel, os filhos não eram considerados um inconveniente,
pelo contrário, eram considerados uma grande bênção de Deus. Além
disso, os filhos não eram um encargo financeiro, pois eram uma
atividade econômica para sua família. Portanto, o objetivo era ter
muitos filhos. Em segundo lugar, um enterro digno também era de
extrema importância, pois servia como uma declaração a respeito do
significado de uma vida. Embora isto não seja evidente em nossas
versões em português, é mais provável que o “enterro
apropriado” não se refira ao homem rico, mas à criança
natimorta. O versículo poderia ficar assim: “Mesmo que não
tenha um enterro digno, digo que o natimorto é melhor do que ele”.
Em terceiro lugar, o envelhecimento não era desprezado. No livro
de Provérbios, Salomão diz que: “A beleza dos jovens está na
sua força, e o enfeite dos velhos são os seus cabelos brancos”
(Pv 20.29).
Muitas vezes a vida gira
em torno da família. Então, muitas pessoas procuram a felicidade na
cultura materialista que temos hoje, e infelizmente a cultura mundana
tem influenciado a família de Deus em nossos dias. Muitos casam-se
pensando que o casamento será o lugar onde encontrarão a alegria de
viver. Então, com o passar dos dias descobrem as falhas um do outro
e o que estava indo rumo a satisfação se torna uma fonte de grande
insatisfação. É exatamente isso o que o texto está dizendo.
A família, os filhos,
os netos, de fato são uma grande bênção, mas não são e nunca
serão a fonte de alegria para essa vida. Da mesma forma, muitos de
nós queremos viver uma vida longa e próspera. Tentamos nos
alimentar direito, trabalhar honestamente, e termos uma vida
moralmente digna. No entanto, a verdade é que muitas pessoas ao
longo da vida não usam seus anos de sabedoria para o Senhor. Então
a questão não é ter uma vida longa, mas sim como você vai viver a
vida que tem. Não importa quantos anos de vida você terá,
mas como será sua vida durante os anos que tiver. Nossa saúde,
filhos e netos podem ser tirados de nós a qualquer momento. Doença,
bactérias, ou um acidente pode nos privar de um longa vida e dos
nossos filhos e netos. Portanto, precisamos aproveitar o que Deus nos
deu enquanto podemos. Não há nenhuma garantia de que teremos a
nossa saúde e os nossos entes queridos amanhã. Portanto, viva sua
vida com alegria hoje! Lembre-se de que a satisfação na vida será encontrada quando desfrutar das bênçãos de Deus. Então, aproveite
as bençãos de Deus dessa vida.
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