06 julho 2012

Eclesiastes 5.10-20 - A Verdade Nua e Crua


Quem ama o dinheiro jamais dele se farta; e quem ama a abundância nunca se farta da renda; também isto é vaidade. Onde os bens se multiplicam, também se multiplicam os que deles comem; que mais proveito, pois, têm os seus donos do que os verem com seus olhos? Doce é o sono do trabalhador, quer coma pouco, quer muito; mas a fartura do rico não o deixa dormir. Grave mal vi debaixo do sol: as riquezas que seus donos guardam para o próprio dano. E, se tais riquezas se perdem por qualquer má aventura, ao filho que gerou nada lhe fica na mão. Como saiu do ventre de sua mãe, assim nu voltará, indo-se como veio; e do seu trabalho nada poderá levar consigo. Também isto é grave mal: precisamente como veio, assim ele vai; e que proveito lhe vem de haver trabalhado para o vento? Nas trevas, comeu em todos os seus dias, com muito enfado, com enfermidades e indignação. Eis o que eu vi: boa e bela coisa é comer e beber e gozar cada um do bem de todo o seu trabalho, com que se afadigou debaixo do sol, durante os poucos dias da vida que Deus lhe deu; porque esta é a sua porção. Quanto ao homem a quem Deus conferiu riquezas e bens e lhe deu poder para deles comer, e receber a sua porção, e gozar do seu trabalho, isto é dom de Deus. Porque não se lembrará muito dos dias da sua vida, porquanto Deus lhe enche o coração de alegria.” 

Há alguns anos atrás, um homem de 62 anos de idade foi levado às pressas ao pronto-socorro com muita dor no estômago, pois havia em seu estômago uma massa muita densa que pesava em torno de 5 quilos. O peso era tanto que forçava seu estômago para baixo entre seus quadris. Os médicos tiveram que operá-lo para retirar de seu estômago aquele conteúdo pesado, mas infelizmente o homem morreu alguns dias depois por causa de complicações.

O mais espantoso nesta história foi o que os médicos encontraram dentro do estômago. A massa que pesava em torno de 5 quilos não era um tumor cancerígeno. Aquele homem havia engulido cerca de 350 moedas: o equivalente a R$ 1.200 reais! O médico disse que ele sofria de uma doença rara que faz com que as pessoas querem comer o dinheiro.

Talvez você está pensando: “Isso é simplesmente loucura! Eu não teria coragem de engolir 1 moeda, 350 moedas então, nem se fala”. Vamos refletir, pense por um momento e faça uma varredura em seu estilo de vida. Você está ficando muito tempo longe da família e da igreja para ganhar mais dinheiro? Você está deixando de descansar por causa trabalho? Você está trabalhando bastante por causa de coisas materiais? Muitos de nós, se formos honestos, teria de responder “sim” a estas perguntas.

Aqui em Eclesiastes 5.10-20, trata da utilização indevida e abusiva do dinheiro. Como diz um provérbio de autoria desconhecida: “O dinheiro é um excelente servo; porém péssimo senhor”. Mas, antes de para de ler dizendo: “Todos os pastores que eu conheço criticam o amor ao dinheiro e eu já sei tudo sobre este assunto”. Uma das convicções que eu tenho é que a Palavra tem que ser pregada expositivamente. Nenhum assunto dever ser pulado. E dinheiro é um dos assunto que a Bíblia trata várias vezes. Dezesseis das trinta e oito parábolas de Cristo lidam com o dinheiro, o Novo Testamento trata mais sobre dinheiro do que sobre o céu e o inferno juntos. É um assunto mais falado na Bíblia do que a oração e a fé. Há mais de dois mil versículos que lidam com dinheiro e bens materiais. Por que será que a Bíblia fala tanto sobre o dinheiro? Jesus responde: “onde estiver o vosso tesouro, estará também o teu coração” (Mt 6.21). Deus compreende que o uso do dinheiro e bens materiais é um indicador de nossa espiritualidade. Aqui em Eclesiastes algumas realidades preocupantes a respeito do dinheiro, além de uma conclusão com duas verdades profundas sobre Deus.

A primeira realidade é: Quanto mais temos, mais queremos (Ec 5.10).

Começamos aqui vendo que o dinheiro não é o segredo para a felicidade. Pelo contrário, ele é viciante e insatisfatório, acompanhe comigo o versículo 10: “Quem ama o dinheiro jamais dele se farta; e quem ama a abundância nunca se farta da renda; também isto é vaidade”. É importante notar a repetição do verbo “amar”, pois, entendemos com isso que o dinheiro não é o problema, mas sim, o amor pelo dinheiro é que está em questão. Alguém disse: “O dinheiro é um péssimo amante. Quanto mais você o ama, menos ele te satisfaz”. No entanto, a maioria de nós é tentada a pensar: Se eu tivesse mais dinheiro, mais feliz eu seria. Perguntaram a John D. Rockefeller, um dos homens mais ricos do mundo, quanto dinheiro ele gostaria de ter, ele respondeu: “Só um mais pouquinho”. Infelizmente, se admitimos ou não, isso é verdade também para muitos crentes. Nós desenvolvemos um amor pelo dinheiro deste cedo e sempre queremos mais. Quem disse isso foi Salomão um dos homens mais ricos do mundo, então ele sabia o que estava dizendo.

O problema é que não acreditamos em Salomão. Achamos que seria diferente conosco. Nós não iríamos ser miseráveis. Nós não ficaríamos infelizes. Você acredita que a maioria dos famosos e ricos são contentes? Muitos nadam em dinheiro, mas são viciados em drogas, álcool, são pessoas violentas e vivem se divorciando. Tudo em busca da felicidade. A conclusão inevitável é que correr atrás do dinheiro e bens materiais também é correr a atrás do vendo!

A segunda realidade é: Quanto mais temos, mais gastamos (Ec 5.11).

Onde os bens se multiplicam, também se multiplicam os que deles comem; que mais proveito, pois, têm os seus donos do que os verem com seus olhos?” Pessoas que ficam ricas descobrem que têm muito mais parentes e amigos do que pensavam. Olha o que diz Provérbios 19.4: “As riquezas multiplicam os amigos; mas, ao pobre, o seu próprio amigo o deixa”. A mensagem é a seguinte: Quanto mais grana você tem, mais saqueadores aparecerem. Em outras palavras, o dinheiro atrai todo tipo de sanguessugas. Banqueiros, corretores, consultores financeiros, advogados, consultores fiscais, contabilistas, empregados domésticos, guarda-costas, e parentes distantes. As pessoas não conseguem cuidar de suas riquezas sozinhas. Eles são dependentes dos outros. O que é mais irônico em tudo isso é que ter mais, realmente trás mais problemas do que solução. Quanto mais coisas tivermos para cuidar, mais do nosso tempo e dinheiro será exigido. Ficamos ainda mais amarrado. Para piorar a situação, quanto mais você tiver, mais pessoas haverá para ficarem ressentidas como o que você tem.

A terceira realidade é: Quanto mais temos, mais nos preocupamos (Ec 5.12).

A riqueza não dá paz ou descanso, pelo contrário, promove insônia porque os ricos vivem se preocupando em como manter a riqueza que possuem. “Doce é o sono do trabalhador, quer coma pouco, quer muito; mas a fartura do rico não o deixa dormir”. Podemos observar que a pessoa que trabalha e tem suas necessidades básicas satisfeitas, dorme bem, não importa o quanto ela tenha para comer. O homem rico é realmente mais inquieto por comer todo tipo de comida, por ter muitas coisas para resolver em sua vida, e por não conseguir relaxar. Os bens não trazem paz, eles na verdade trazem mais preocupação. Os ricos estão sempre com medo de perder o que têm, enquanto o pobre se contenta com o pouco que tem. Isso é confirmado em nossos padrões de vida. Você sabia que a principal razão por que as pessoas não dormem bem é tensão? E a principal causa para a tensão é a preocupação com o dinheiro. Como Henry Ford disse uma vez: “Eu era mais feliz fazendo trabalhos mecânicos”.

A quarta realidade é: Quanto mais temos, mais nós acumulamos (Ec 5.13-14).

A tendência dos que têm muito é a de esquecer os que têm pouco. “Grave mal vi debaixo do sol: as riquezas que seus donos guardam para o próprio dano. E, se tais riquezas se perdem por qualquer má aventura, ao filho que gerou nada lhe fica na mão”. O entesouramento é chamado de grave “mal” (v. 13). No final, a egocêntrica ganância só conduzirá ao sofrimento do colecionador de riquezas. A verdade é: nós mostramos o que amamos pelo que fazemos com o que temos. Se formos generosos, dando à obra do Senhor e cuidando dos outros, teremos paz. Se optarmos por acumular, vamos ficar doídos.

O versículo 14 é muito interessante, pois vemos a imagem de uma pessoa que passar a vida inteira economizando para o futuro e, em seguida acontece uma calamidade grave, uma doença, um golpe, um acidente, talvez uma explosão causada por gás, e tudo vai por água abaixo. Quanto mais acumulamos mais problemas podemos ter.

A quinta realidade é: Quanto mais temos, mais teremos que deixar (Ec 5.15-17).

Estes três versículos nos lembram que o dinheiro é transitório e temporal. Como a farinha em uma peneira, o dinheiro desliza por entre os dedos. Em Eclesiastes 5.15, encontramos a “Verdade Nua e Crua”: “Como saiu do ventre de sua mãe, assim nu voltará, indo-se como veio; e do seu trabalho nada poderá levar consigo”. Este versículo até virou um provérbio popular que nos lembra de como chegamos neste mundo e como sairemos. Em Provérbios 23.4-5 diz: “Não te fatigues para seres rico; não apliques nisso a tua inteligência. porventura, fitarás os olhos naquilo que não é nada? Pois, certamente, a riqueza fará para si asas, como a águia que voa pelos céus”.

Todos os anos, a revista Forbes publica um relatório especial sobre as celebridades mais remunerados e que já morreram. Em 2007, os cinco primeiros foram: Elvis, John Lennon, Charles Schulz, George Harrison e Albert Einstein. Esses homens ganharam muito dinheiro durante a vida terrena deles e agora suas propriedades estão prosperando após morte deles, longe de Jesus Cristo tudo é vaidade, pois, você não pode levar nada consigo. No entanto, o outro lado da moeda é positivo: Você pode enviar sua riqueza para o céu antes de você. Jesus nos mandou “acumular tesouros no céu” (Mt 6:20). Como podemos fazer isso? Contribuindo para a obra do Senhor e sendo uma bênção para os outros, desta forma seu dinheiro pode sobreviver a você. Por enquanto, nós só precisamos lembrar que, em termos eternos não há empréstimo pessoal. Em outras palavras, não somos proprietários de nossas coisas, somos apenas administradores dos recursos de Deus.

Esta sessão da Palavra de Deus é concluída nos versículos 16 e 17 com palavras decepcionantes em relação à busca de riqueza: “Também isto é grave mal: precisamente como veio, assim ele vai; e que proveito lhe vem de haver trabalhado para o vento? Nas trevas, comeu em todos os seus dias, com muito enfado, com enfermidades e indignação”. Apesar de todo o nosso trabalho e riqueza, a “Verdade Nua e Crua” é que vamos morrer um dia e a riqueza fora da vontade de Deus pode provocar tristeza (lutas, processos, cobiças), doença (stress, úlceras, dores nas costas) e raiva (amargura, ressentimento).

O dinheiro é um excelente servo; porém péssimo senhor”. Bem, até aqui vimos notícias ruins o suficiente, agora posso dar a boa notícia. Aqui em Eclesiastes aprendemos que não existe uma prescrição para alcançarmos a satisfação, a segurança e o significado para vida. Nos versículos 18 a 20, vemos que a felicidade verdadeira vem de Deus. Deus é mencionado quatro vezes nestes três versículos.

Deus é quem dá o trabalho que temos (Ec. 5.18). Mesmo que você ache que o trabalho é uma maldição, o trabalho é um dom de Deus. O trabalho existia antes da queda do homem e o trabalho continuará na eternidade, podemos dizer que em última análise, o trabalho é uma expressão de adoração. “Eis o que eu vi: boa e bela coisa é comer e beber e gozar cada um do bem de todo o seu trabalho, com que se afadigou debaixo do sol, durante os poucos dias da vida que Deus lhe deu; porque esta é a sua porção”. Deus dá trabalho a humanidade como uma recompensa! Isso deve motivá-lo a expressar gratidão pelo seu emprego. Quando você acordar pela manhã, agradeça ao Senhor por um coração batendo e pelo sangue que corre nas suas veias. Agradeça-o por seu trabalho e pela força que Ele lhe dá para trabalhar.

Deus é quem dá os bens que temos (Ec 5.19-20). Estes versículos finais enfatizam a verdade que os nossos bens ou riqueza vem diretamente das mãos de Deus. Quanto ao homem a quem Deus conferiu riquezas e bens e lhe deu poder para deles comer, e receber a sua porção, e gozar do seu trabalho, isto é dom de Deus. Porque não se lembrará muito dos dias da sua vida, porquanto Deus lhe enche o coração de alegria”. Vemos nestes versículos que a riqueza não é algo condenável. A frase chave no (v. 18) é “Deus conferiu riquezas e bens”. Uma palavra para os que possuem bens: Aproveite tudo que Deus lhe deu, mas sem deixar as outras pessoas de fora. Deus é bom e doador de boas dádivas. Queremos que as boas dádivas que Deus quer nos dar. No entanto, muitas vezes não estamos dispostos a compartilhar com os outros.

E concluímos depois de tudo isso com a última frase desta porção bíblica. “porquanto Deus lhe enche o coração de alegria”. Deus é o único que pode encher nossos corações com a verdadeira alegria. Em 2 Timóteo 6.17-19 diz: “Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento; que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida”.







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